
Professor Marcão
Físico Formado pela UFF/RJ, com especialidade na Cavidade Chapman-Ferraro, Professor de Física do Ensino Médio da rede privada. Especialista no sistema de avaliação do ENEM – TRI. Desenvolvedor de Políticas Públicas na Área de Mobilidade Urbana e Saneamento Ambiental. Perito Judicial na Área de Meio Ambiente. Gestor de Convênios Federais
As últimas semanas a população do estado do Rio de Janeiro tem assistido uma queda de braço entre o atual presidente da ALERJ, o deputado Rodrigo Bacelar e o atual secretário ou ex-secretário de transporte do estado, o senhor Washington Reis.
E, qual é essa disputa?
O protagonismo na entrega da resposta que a população tanto precisa:
- A redução da passagem de trem e do metrô do Grande Rio.
Essa disputa se dá por causa da campanha eleitoral para governador no ano que vem, onde o atual presidente da ALERJ quer ser o “pai do anúncio” da redução das tarifas e angariar os dividendos políticos eleitorais que esse anúncio pode trazer. Essa briga de vaidades pessoais sempre deixa em segundo plano os interesses da população, no caso, a melhoria da qualidade de vida através do sistema de transporte
público de massa sobre trilhos: trens metropolitanos e metrô.
Tivemos ao longo da história nos últimos 25 anos uma série de tentativas equivocadas de transferência da operação do transporte público de massa do poder estatal para a iniciativa privada através de privatizações sucessivas e renegociações com dilatações de prazo de concessão do sistema de transporte público, sem a devida análise e avaliação técnica da qualidade da operação do sistema sobre trilhos, tudo isso ocorrido
principalmente no período da administração do ex-governador Sérgio Cabral, administração notoriamente classificada como corrupta.
O que se evidencia, com o passar do tempo, é que a preocupação dos gestores públicos sempre foi fazer uma entrega de políticas públicas no setor de transporte de massa para atender com prioridade os interesses do governante e do setor que explora
comercialmente os serviços de transporte, ou ainda, dos empresários que financiam em boa parte as campanhas eleitorais, sempre colocando os interesses da população de forma acessória; isto é:
1º resolve-se os interesses pessoais e financeiros
2º resolve-se as demandas da população
Nessa disputa quem sempre perde é a população, porque acaba não tendo a melhor resposta técnica para os problemas de manutenção, financiamento e expansão do sistema de transporte público de massa, persistindo e agravando os problemas com o
passar dos anos.
Hoje precisamos entender que a qualidade de vida, se dá pelo acesso ao emprego, a educação, a cultura, a saúde e ao lazer, e isso só é viável, basicamente, pelo livre acesso ao transporte público. Pela questão da diversidade econômica e social temos cada vez mais pressão sobre a população que mais necessita de serviços públicos, sendo obrigada a buscar a sua residência em locais mais distantes dos centros econômicos, ficando extremamente dependente do transporte público para desfrutar de sua cidadania plena.
Assim, quando olhamos a região do Grande Rio, com municípios da Baixada Fluminense e também da região metropolitana como Niterói, São Gonçalo e Itaboraí; o que fica mais evidente é que cada vez mais essas cidades são cidades dormitórios e vem se consagrando através da perda de polos geradores de emprego e renda com a destruição ou a falta de planejamento do desenvolvimento econômico, que acaba sempre sendo no eixo da capital e por consequencia a vem sendo necessário buscar soluções para o barateamento do transporte seja do trabalhador, seja do estudante para que de fato acesso à melhoria da qualidade de vida seja algo palpável e não algo impedido pelo valor
excessivo das tarifas públicas.
Quando nós entendemos que, motivada pelo retorno do capital aplicado, cada vez mais o valor da tarifa sofre pressão por aumentos, inclusive para garantir os níveis de lucratividade das operações; e assim estamos vendo que a democratização vai se perdendo, vai deixando de ser o objetivo principal da política pública de transporte de massa, isso sempre acontece quando é operado pela iniciativa privada!
Então, nós que fazemos parte de um partido trabalhista focado na educação e no acesso à empregabilidade onde as legislações e a bandeira trabalhista é a nossa principal mola e o nosso principal orientador de luta, temos que pensar em formas de viabilizar a reformulação dessas políticas públicas para que o transporte não seja mais uma condição de impedimento do acesso à transformação social, mas sim uma mola propulsora e incentivadora desse desenvolvimento.
Esse desejado desenvolvimento econômico e social não é palatável enquanto as tarifas de trens e metrô forem na casa dos R$ 7,40!!
Com a disputa pelo protagonismo do anúncio, o governador Cláudio Castro desautorizou o secretário Washington Reis (enquanto estava na pasta, ele foi exonerado pelo Rodrigo bacelar na semana passada), para atender a vaidade do presidente da ALERJ, e a população simplesmente fica sofrendo os impactos dessa tarifa abusiva.
Nós não podemos nos furtar a lutar pela adequação do valor das tarifas ao que foi estabelecido tanto pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado), quanto pelo que foi divulgado pelo então secretário de transportes do estado.